


Escrevo há mais de trinta anos. Publico livros há doze - descontando os artesanais em A4 dobrado que eu mesma ilustrava e distribuía a familiares.
Público mesmo veio com os roteiros: de curtas para o Departamento de Cinema da UFF passei a múltiplas plataformas, culminando em colaboração recente para longa-metragem da Esencia Humana Films (Argentina).
Além disso, escrevia para revistas, jornais de bairro e sites, envolvida em campanhas pela não violência. O ativismo levou-me à agência de notícias Pressenza, com a qual colaborei por quatro anos. Também tive colunas e artigos publicados pela Sombras Elétricas, pela VOLUP2 e pelo site Parada Lésbica.
Mas livros seguiam sendo a primeira paixão. Por isso, busquei as coletâneas, testando as águas antes de me aventurar com um livro solo. Em 2009, um de meus contos de ficção científica - "X - a última incógnita" - foi selecionado pela Editora Multifoco para integrar o primeiro volume da coletânea Solarium.
Desde então, já são duas participações em coletâneas, quatro romances e uma novela no prelo: Você Unlimited será lançado pela Coleção Contos de Bolso da Editora Lendari ainda este ano. Também trabalhei como pesquisadora em Estudos da Linguagem, o que me levou a publicar artigos e capítulos de livro no Brasil e em outros países.
Mas o contato com o mercado editorial acabou desenhando uma outra carreira. Como acadêmica, coordenei, por três anos, o Núcleo de Publicações da Universidade Veiga de Almeida, desenvolvendo a Revista Áquila (B4/B3 na Qualis Capes). Com meu primeiro romance de ficção científica (Incompletos, Presságio Editora, 2018), fui premiada pelo PROAC e o programa previa que eu mediasse oficinas e webinários de/sobre escrita.
De repente, olhei para o lado e me vi leitora crítica, preparadora textual e revisora. Já era possível acompanhar meu trabalho em obras da Autografia, da Chiado e da própria Presságio Editora. Novamente com o apoio do PROAC, integrei o projeto Ninhada (2015-2016), ajudando a criar uma plataforma voltada à formação colaborativa de escritores.
Entre textos e oficinas, clareou-se o caminho. Quando lancei a Editora Nua, em julho de 2018, muita gente me perguntava o porquê de nunca ter pensado nisso antes. Voltada à inovação em termos de lugar de fala e/ou experimentação com linguagens, a Nua é meu lugar de contribuir para a divulgação de noves autores brasileires.
E a escrita segue... Vou fabulando pela vida afora - querendo ou não. Demorei a perceber que não se tratava, exatamente, de uma opção. Verdade que eu sabia, desde os tempos de A4 e canetinha, que precisava escrever para me entender. E que havia algo mágico em entregar um pedaço de si mesma a outres, não importando o formato.
Viciei? Encontrei-me. E sigo me encontrando em gêneros que experimento como balinhas de rótulo apagado. Será prosa poética, ficção científica ou não ficção? Será novo, o mais novo que eu ousar em palavras, porque, sendo em palavras, vou me descobrindo outra, sempre e a cada vez.