Sabine Mendes Moura
Piso de tacos ou a arte de (não) puxar tapetes

Já puxou um tapete por preguiça de empurrar/levantar um móvel? Pois é. Você insiste em puxar, fica irritade com o mundo (com o universo, com a vida, com tudo), mas sabe que bastava fazer uma forcinha ou pedir ajuda para liberar o tal do tapete.
Pode ser que, nesse processo, ele acabe rasgando.
Pode ser que você acabe fazendo uma boa bagunça com aquela sujeira que andava varrendo para debaixo do tapete.
Fora que você pode empenar o móvel, derrubar tudo que estava em cima dele ou escorregar.
ACOMPANHA A ANALOGIA, FAZ FAVOR...
Puxar o tapete de outras pessoas dá no mesmo! Sei que a expressão sugere dramas nível Almodóvar, envolvendo traições, roubos e afins, mas puxadas de tapete nem sempre funcionam assim. Talvez você já tenha tido a oportunidade de estar vivendo sua rotina pacata e descobrir que o sonho-tapete que acaba de adquirir já estava prometido a outra pessoa (ainda que apenas em devaneios).
No mundo em que vivemos, qualquer um corre o risco de arrastar um tapete em forma de emprego, paixão ou dinheiro, sem notar a pessoa esperançosa, parada ali bem em cima dele. E dá-lhe sujeira!
Eu mesma já finquei meus pés que nem móvel em cima de um ou outro tapete só para descobrir que dava para dividir, dialogar, enfim... E quando puxamos o tapete de outra pessoa, sem esperar que ela saia de cima, ah... Nem importa se você não reparou que aquele tapete era dela. Além do cotão e da poeira imprevistos, surgem segredos, ressentimentos... E você ainda corre o risco de derrapar ou magoar egos bem mais frágeis que madeira de lei.
É a lei do compensado. Ego pré-fabricado à base de muita fachada (#quemnunca #julguemme #julguemse #sóquenão). Por isso, sugiro pensarmos sempre no custo-benefício de não levantar quem se planta no caminho (ou bem em cima) de nossos sonhos, sejam eles quais forem... Lembra do Raul? Sonho que se sonha junto é realidade.